terça-feira, 3 de maio de 2016

E de volta aos treinos femininos

Por Tatiana Silva

Não é novidade que me envolvi mais com o parkour depois dos treinos femininos com JJ, Krisna e Angélica nas manhãs de domingo. Hoje Angélica e Krisna moram longe do Rio, e há uns 3 anos eu e o JJ achamos que não era mais necessário manter os treinos femininos.

Na época pensei que já tínhamos deixado um legado para que outras tentassem o parkour. Cada uma das treinavam por aqui foi seguindo um caminho. E, com isso, o número de traceuses caiu no Rio.

Quando viajei, vi (e participei) de algumas iniciativas voltadas para as traceuses. Ali comecei a entender a necessidade de ter treinos, oficinas para dividir a experiência, medos, anseios e expectativas...

Conversei com muitas mulheres, e um dos incômodos nos treinos gerais era o julgamento (no olhar, na fala, na falta de atenção) sobre a evolução de alguém no treino. Uma pessoa só seria digna de respeito se fosse forte, ou tivesse a desenvoltura de um famoso de vídeos. Daí, como tirar da caeça que parkour é mirabolante? Como mostrar que parkour é possível? Orientar um treino não é tarefa fácil. Cada pessoa tem um histórico físico e psicológico de sucessos e frustrações.

Ainda no ano passado a Ana Antar veio com a ideia dos treinos femininos em Salvador. E essa iniciativa tem se espalhado, e eu me vi tocada a voltar com os treinos no Rio. Me vi ministrando os treinos. Como são mulheres treinando mulheres, questionando, pensando em como fazer melhor, outras mulheres se aproximam... querem conhecer. Às vezes o treino é lotado, às vezes é só você. Porém, o resultado é gratificante. Você percebe olhares apaixonados de quem quer continuar e passar adiante.

Ninguém tem reclamado de treinar em lugares diferentes. De sair do trecho Zona Sul. O Rio é mais que isso. Cada lugar é uma oportunidade de treino, criatividade e de ocupar a cidade.

Hoje sou eu orientando treinos, amanhã seremos nós. Que venham os próximos TPM's. :)