sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Método Parkour - Omnis (Parte 1/2)

Você é praticante de Parkour, abriu este link e começou a ler este texto pois o título causou curiosidade. Pois bem, eu tenho uma coisa pra te dizer e você não irá gostar de saber: você não sabe treinar Parkour!

Já faz algum tempo que me questiono, dentro do universo físico-técnico do Parkour, o que é treino e o que não é. Sim, acredito que nem tudo é treino, porém tudo pode ser treinado. É raro algum praticante, ao marcar um ''treino'' na internet, citar os objetivos gerais e específicos que serão abordados, bem como os métodos de condicionamento físico empregados, ou a relação volume (quantidade de trabalho/exercício) X intensidade que será visada, por exemplo. Isso acarreta uma abordagem generalizada - não que seja ruim - mas pode ocasionar falta de foco e uma provável perda de interesse nos treinos, devido à falta de metas a serem cumpridas e ao não estabelecimento de prioridades específicas. Penso que muito desse espírito "libertário" se deva à falta de critérios de treinamento, ou seja, uma periodização anual, uma divisão hierárquica das técnicas (grau de dificuldade e intensidade), e o mais importante, uma vontade de criar um hábito saudável e produtivo de treinamento. Na verdade, no geral, os praticantes de Parkour pensam que pelo fato da atividade proporcionar uma liberdade de ação não-convencional, o seu treino deva refletir a sua aplicação técnica.

"O segredo do sucesso é fazer coisas comuns de maneira incomunmente bem." (John D. Rockefeller)

Ao meu ver, existem 4 segmentos dentro da prática do Parkour: treinos, exploração, percursos, viagens.

No 1º segmento temos a base, o alicerce de toda a atividade: treinos. Este, envolve o desenvolvimento dos fundamentos físicos-técnicos, princípios filosóficos, atitudinais e comportamentais (direitos e deveres do praticante/disciplina social), criação de hábitos saudáveis de vida e etc.

Já no 2º segmento, exploração, inicia-se uma especialização moderada. Explorar, neste contexto, vai além de apenas desenvolver a técnica ou melhorar a abordagem tática do Parkour em detrimento do espaço/obstáculo. Ao meu ver, explorar remete conhecer, descobrir ou redescobrir um lugar/pico, Cidade, Estado ou País. Na medida em que aprimoramos nossas habilidades físicas, técnicas e psicológicas, temos a necessidade de avançar um degrau a mais nessa evolução. E como o Parkour permite ultrapassar essas fronteiras materiais e psicológicas, a exploração geográfica seria aprofundada ao máximo, dentro deste segmento.

No 3º segmento, percursos, ocorre a especialização avançada. Conseguir permanecer firme do início ao fim num determinado percurso é o que conta. Já seja um percurso curto (um deslocamento simples no lugar/pico de treino), até deslocamentos longos (quilômetros de caminha e corrida para chegar a um local específico). É aqui onde vemos a grande lacuna da maioria dos praticantes: a corrida! Aqui, dura mais aquele que possui uma resistência aeróbica e anaeróbica de moderada a elevada/intensa. Muitos, se não a grande maioria, negligenciam este fundamento básico nos seus treinos. Não basta apenas chegar ao destino, é preciso ser capaz de retornar ao ponto inicial e repetir essa façanha quantas vezes for necessário, a fim de completar o objetivo determinado.

O 4º e último segmento: viagem, reúne todos os segmentos de uma vez só. Pois, ao viajar, principalmente para lugares desconhecidos, precisamos ter a postura de um iniciante para conhecer os lugares novos. Precisamos conhecer, explorar e percorrer o ambiente, para familiarizar-mo-nos com o mesmo. Neste segmento, precisamos organizar uma maneira didática de treinar os fundamentos, assim, poderemos aproveitar ao máximo o que o lugar tem de melhor, sem desperdiçar possibilidades. Precisamos pôr em prática nossa visão tática, explorando o ambiente com as nossas habilidades técnicas já testadas anteriormente (de forma sistemática). Assim, teremos "know-how" para traçar rotas conhecidas e desconhecidas dentro do ambiente em que estamos, pois já estaremos aptos para interagir orgânicamente com o lugar/pico. E por fim, teremos aproveitado uma simples viagem para outra Cidade de forma completa, no melhor estilo "Tracer" de ser.

"A crítica nos traça a obrigação de fazer melhor do que aqueles que nós reprovamos." (André Luiz)

'Você não sabe treinar Parkour!'. Bem, eu precisava chamar a sua atenção de algum jeito ou de outro. Assim, resolvi atacar na ferida daqueles praticantes que pensam saber de tudo; aqueles cujo ego está tão inflamado que não aceitam um "dedo-na-cara" com essa afirmação: 'VOCÊ NÃO ESTÁ PRONTO'. Tracers, em geral - muito no geral - pensam serem super-humanos, aptos para qualquer desafio: hipócritas! Basta apenas uma situação adversa, fora do seu padrão de pensamento para que suas emoções aflorem e se descontrolem. Exemplo disso são as inúmeras discussões sem fundamento e sem respeito que acontecem nos diversos grupos na internet (redes sociais). E é exatamente nessa "ferida" que eu os ataco e atacarei: você não está pronto! Você não aguenta a pressão de saber que seu treino não serve para algo verdadeiro. Seu treino atual só serve para você tentar querer ser uma estrela midiática ou mostrar para os leigos, dentro de alguns minutos de vídeo, o que você "sabe fazer".

Há um senso incomum, dentro da comunidade Nacional e Internacional do Parkour que diz: "meu parkour é meu Parkour". "Faço o meu Parkour e que se dane o mundo". "Parkour pra mim é isso ou aquilo". "Parkour é liberdade". "Parkor é Asa Delta". "Parkour é vida selvagem e ser otário". Ótimo! Quem pensa assim está Sertícimo! Cério! Porém, o que essa corrente de ignorantes não percebe é que existe uma clara diferença entre:

PARKOUR / MEU PARKOUR


O Parkour surgiu de uma revolução. Jovens que não mais se satisfaziam com o que a Sociedade Francesa lhes oferecia, em termos de divertimento e lazer. Estes começaram a criar novas formas de brincadeiras e jogos - mais brutos - e se dedicaram, de maneira organizada, a fundar as bases do que viria a ser a atividade como a conhecemos hoje. Sim, há uma base, um "ponto de partida" onde os fundadores dos princípios do Parkour conseguiram estabelecer pilares importantes para alicerçar esta atividade. E por mais que atualmente, o Parkour tenha atingido precedentes estéticos, de "life-stile", cinematográficos e até de caráter esportivo (competição), existe uma base, um ponto inicial de tudo isto. E é exatamente do que se trata este texto: a origem dos fundamentos do Parkour. Antes de continuarmos, faça uma pausa em sua leitura e assista ao vídeo abaixo:




Você acabou de assistir uma prévia do que será lançado em Dezembro de 2015: o Método de Treinamento Parkour - Omnis (o mesmo será abordado no referido mês). Mas posso lhes adiantar o seguinte: não temos a intenção de ensinar Parkour a ninguém! O objetivo principal do método é dar uma opção organizada, um roteiro de treino - das habilidades físicas e técnicas -, bem como suporte para questões teóricas e psicológicas que envolvem a prática. Nele, haverá uma progressão lógica de entendimento e aplicação das técnicas, incluindo periodizações específicas para condicionar os sistemas corporais para suportarem as intensidades de esforço, etc.

Bem, se você ficou confuso ao chegar até aqui, parabéns! Você caiu direitinho na "armadilha". Mas não se preocupe, as respostas às suas dúvidas chegarão no seu devido tempo. Enquanto isso, fique com algumas belas frases e reflita dentro do seu mundinho "Meu Parkour":


"A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original"

"Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito"

"Se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela"
(Albert Einstein)


Nos vemos em Dezembro de 2015!
Por: JC!
Omnis Pro Parkour
Todos por si em prol do outro.